E.E.
Idalina Macedo Costa Sodre Dona
Atividade
da eletiva Brasil Musical – 9º, 8º e 7º anos (tarde)
Semana
3 – A música popular brasileira como ferramenta do Estado na 1ª Era Vargas.
Prof.
Bruno Ian Lupi Jorge
Na atividade desta semana, vamos nos contextualizar
historicamente: delimitaremos o fim da República Velha (1889-1930) e o início
da 1ª Era Vargas (1930-45); estabeleceremos os principais marcos históricos do
mandato de 15 anos de Vargas. Isso é necessário para que entendamos a
conjuntura política em que as canções que serão foco de nossos estudos foram
produzidas.
Revolução
de 1930
Washington Luís
assumiu a chefia do Estado brasileiro em 1926, tornando-se o 12º presidente de
nossa história. Como a maioria dos chefes de Estado da nação durante a Primeira
República (1889-1930), sua eleição havia sido fruto da Política do Café com Leite – conforme exposto nas aulas anteriores,
tal dinâmica consistia na literal troca de vencedores das eleições
presidenciais entre candidatos de São Paulo e Minas Gerais. Contudo, Washington
Luís representará a quebra dessa lógica de barganha entre os partidos desses
dois estados.
Desse modo, o presidente brasileiro de 1926 e 1930 não
indicou o candidato do Partido Republicano Mineiro (PRM), Antônio Carlos de
Andrada, apoiando, em seu lugar, o paulistano Júlio Prestes – vale lembrar que
Washington Luís era do Partido Republicano Paulista (PRP), e portanto deveria
apoiar um membro do partido mineiro.
Diante disso, as oligarquias de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do
Sul fundaram, em junho de 1929, a Aliança
Liberal, que apresentou uma chapa encabeçada por Getúlio Vargas, que seria
o candidato da oposição. A corrida eleitoral (a mais apertada da história do
Brasil, até então), acabou por coroar com a vitória o candidato da situação, ou
seja, o indicado por Washington Luís, Júlio Prestes.
O lado perdedor provavelmente teria aceitado o revés, não
fosse alguns fatos, entre os quais: primeiramente, a perseguição política
orquestrada por Washington Luís àqueles que ocupavam cargos em seu governo e no
entanto haviam lhe feito oposição; a pressão das classes médias urbanas, que
projetaram na figura de Getúlio Vargas suas esperanças de reformas alimentadas
pela impetuosa campanha aliancista; ainda, podemos citar as tentativas dos
tenentista para reiniciar a luta armada; por fim, o assassinato de João Pessoa,
candidato à vice-presidência na chapa de Vargas – embora o sua morte tenha sido
ocasionada por disputas políticas internas no interior da Paraíba, e também por motivos de ordem pessoal, sua
repercussão junto à opinião pública foi enorme, atribuindo-se a culpa ao
governo federal.
Com tantas circunstâncias favoráveis, Getúlio Vargas
valeu-se de todo seu prestígio político e, ao fim de uma marcha que se iniciou
em Porto Alegre e terminou na cidade do Rio de Janeiro, à época capital
brasileira, tomou o poder a 3 de dezembro de 1930. Terminava vitoriosa a
Revolução de 1930. O domínio absoluto das oligarquias paulista e mineira era
coisa do passado. Encerrava-se a República Velha.
1ª
Era Vargas (1930-45) – pinceladas gerais
Governo
Provisório (1930-34)
Podemos caracterizar essa etapa da política varguista
como uma período de concessões, não só políticas, mas também medidas que
claramente visavam aquietar qualquer tipo de revolta popular. Nesse sentido,
oficializou-se a Previdência Social, os sindicatos foram legalizados e
concederam-se inúmeras vantagens trabalhistas: salário mínimo, jornada de
trabalho de oito horas diárias, férias pagas, indenização por demissão sem
justa causa, proteção ao trabalho de mulheres e crianças, etc. Por outro lado,
os direitos trabalhistas foram concedidos apenas aos trabalhadores urbanos, deixando
de lado a enorme massa rural.
Todavia, todas essas concessões não evitaram que uma
revolta eclodisse em São Paulo, em 1932. A Revolução
Constitucionalista, como o nome já diz, buscou pressionar Vargas no intuito
de se promulgasse uma constituição – lembrem-se que a Revolução de 1930
dissolveu a Constituição de 1891. Embora a revolta paulista tenha sido
derrotada militarmente, a pressão surtiu efeito. Em 1934, proclamava a
elaboração de uma nova constituição.
Governo
Constitucional (1934-37)
Entre suas principais cláusulas, a Constituição de 1934
estabeleceu o voto secreto, o voto feminino, legislação trabalhista, sistema
federativo, mantendo a autonomia dos estados, e o mandato presidencial por
quatro anos. Desde o início, este último tópico demonstrou-se um problema para
o próprio Getúlio. Internamente, ele nunca escondeu seu desejo de se manter, de
alguma forma, como líder da nação.
Para tanto, Vargas necessitava de um motivo. Ele veio em
1935, num evento que ficou conhecido como Intentona
Comunista, que consistiu em um levante militar, mal sucedido, diga-se de
passagem, do grupo de esquerda liderado por Luís Carlos Prestes, a Aliança Nacional Libertadora (ANL). As
condições para o golpe já estavam criadas – a opinião pública assustada, os
militares de tendência democrática colocados em funções sem importância, os
esquerdistas e liberais na cadeia.
Faltava convencer a população da necessidade da
manutenção de Vargas na presidência. No dia 30 de setembro de 1937, os jornais
anunciaram que o Estado-Maior do Exército descobriram um plano comunista para a
tomada do poder. Era o famoso Plano
Cohen, na verdade, uma encomenda forjada pelo governo varguista para
convencer a população de que Getúlio era o único capaz de afastar a falsa
ameaça comunista. É dessa maneira que, em 1937, sob a justificativa de defender
a liberdade brasileira contra os planos malignos dos comunistas
internacionalistas, Getúlio Vargas dá um novo golpe, decretando o surgimento do
Estado novo.
Pausa
para relaxar
A aula de hoje foi extensa, certo!? Então vamos parar
para ouvir uma duas músicas: Ge Gê ou Seu Getúlio, gravada por Almirante e
Bando de Tangarás em 1931, e Brasil Brasileiro gravada por Carlos Galhardo em
1942, respectivamente. Elas nos fará ter uma noção de influência de Getúlio
Vargas no imaginário popular, e também elucidará como a música foi usada como
instrumento político durante o Estado Novo, tópico que estudaremos nas próximas
aulas.
Links para as músicas Ge Gê ou Seu Getúlio, gravada por Almirante e Bando de Tangarás em 1931, e Brasil Brasileiro gravada por Carlos
Galhardo em 1942, respectivamente.
E.E.
Idalina Macedo Costa Sodre Dona
Atividade
da eletiva Brasil Musical – 9º, 8º e 7º anos (tarde)
Semana
4 – A música popular brasileira como ferramenta do Estado na 1ª Era Vargas.
Prof.
Bruno Ian Lupi Jorge
Nesta
segunda parte, após termos adentrado nos acontecimentos da 1ª Era Vargas,
entenderemos brevemente a lógica do funcionamento do DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda); feito isso, entraremos em contato com a produção
musical da época, a fim de que os alunos observem como elas serviam o propósito
de bendizer o Estado, e por conseguinte, a sua personificação: Getúlio Vargas.
Estado
Novo (1937-45)
O Estado Novo é a realização das pretensões ditatoriais
de Vargas. Com apoio político e popular, ele pôde estruturar toda uma lógica de
domínio velado que transcendia o poder institucional, e se enveredava pelos
meandros da cultura popular brasileira. Nesse sentido, nada mais oportuno do
que citarmos o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Este órgão criado
durante o Estado Novo não só se ocupava de censurar qualquer publicação que
representasse de ameaça ao regime, mas também era responsável por dar vida a
uma intensa máquina de propaganda favorável ao governo. Diariamente, os
brasileiros eram atingidos com um grande e diverso volume de conteúdos que
visavam à glorificação da figura do Estado, personificada em Vargas. Vejamos um
pequeno trecho da historiadora Mônica Pimenta Velloso, contido no estudo Os intelectuais e a política cultural do
Estado Novo.
“Criado
pelo decreto presidencial
de dezembro de 1939, o DIP, sob a direção de Lourival Fontes, viria
materializar toda a prática propagandista do governo. A entidade abarcava os
seguintes setores: divulgação, radiofusão, teatro, cinema, turismo e imprensa.
Estava incumbida coordenar, orientar e centralizar a propagando interna e
externa; fazer censura a teatro, cinema, funções esportivas e recreativas;
organizar manifestações cívicas, festas patrióticas, exposições, concertos e
conferências e dirigir e organizar o programa de radiofusão oficial do governo.
(...)
A centralização da informação é
apresentada como uma forma de agilizar o processo de consulta popular,
descartando-se o parlamento como uma instituição anacrônica e deficiente. O
jornal A Manhã, porta-voz oficial do regime, efetua uma série de inquéritos
populares sobre a política do governo, que são publicados sob o sugestivo
título: “A rua com a palavra”.
(...) O programa radiofônico ‘A Hora
do Brasil’, a legislação trabalhista, a figura de Vargas são alguns dos
assuntos abordados nessas enquetes.
A doutrina do regime busca mostrar
que os Estado só é capaz de assegurar a democracia, quando consulta diretamente
o povo nas suas mais legítimas aspirações. Assim, entre o governo e o conjunto
da sociedade não há mais necessidade de intermediários, quando o chefe
sintetiza a ‘alma nacional’”
O trecho deixa claro, novamente, a estreita relação que
Vargas cria com o povo, a ponto deste ver naquele o retrato mais bem acabado do
que seria uma “alma nacional”.
As
músicas que cantaram Getúlio Vargas
Exposto todo o panorama histórico, vamos às canções que
celebravam a figura do grande líder que, na visão dos músicos e intérpretes,
era o detentor dos valores mais valiosos brasilidade. Para isso, vamos ler um
texto que contém boa parte da discografia da ilustre figura do presidente do
Brasil entre 1930 e 1945. Ele traz em si os contextos em que as músicas foram
compostas, e explica suas respectivas histórias.
OBS: o repertório exposto
no texto grande, ficando inviável a anexação do link para cada música descrito
nele; fica a cargo do aluno a pesquisa das músicas que mais lhe interessarem.
Atividade
avaliativa
A
atividade avaliativa consistirá na pesquisa biográfica de um dos
cantores/compositores estudados nas aulas; além disso, uma canção terá que ser
escolhida conforme o gosto do aluno, a fim de que eles possam adquirir uma
certa indimidade com o tema das aulas. As atividades serão individuais e
deverão ser entregues no email do professor (bruno_ian_lupi@hotmail.com), e
posteriormente entregues, se possível, no retorno às aulas presenciais.
É pra copiar
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