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quinta-feira, 21 de maio de 2020

Atividades do curso Brasil Musical, do professor Bruno


E.E. Idalina Macedo Costa Sodre Dona
Atividade da eletiva Brasil Musical – 9º, 8º e 7º anos (tarde)
Semana 3 – A música popular brasileira como ferramenta do Estado na 1ª Era Vargas.
Prof. Bruno Ian Lupi Jorge

            Na atividade desta semana, vamos nos contextualizar historicamente: delimitaremos o fim da República Velha (1889-1930) e o início da 1ª Era Vargas (1930-45); estabeleceremos os principais marcos históricos do mandato de 15 anos de Vargas. Isso é necessário para que entendamos a conjuntura política em que as canções que serão foco de nossos estudos foram produzidas.

Revolução de 1930

            Washington Luís assumiu a chefia do Estado brasileiro em 1926, tornando-se o 12º presidente de nossa história. Como a maioria dos chefes de Estado da nação durante a Primeira República (1889-1930), sua eleição havia sido fruto da Política do Café com Leite – conforme exposto nas aulas anteriores, tal dinâmica consistia na literal troca de vencedores das eleições presidenciais entre candidatos de São Paulo e Minas Gerais. Contudo, Washington Luís representará a quebra dessa lógica de barganha entre os partidos desses dois estados.
            Desse modo, o presidente brasileiro de 1926 e 1930 não indicou o candidato do Partido Republicano Mineiro (PRM), Antônio Carlos de Andrada, apoiando, em seu lugar, o paulistano Júlio Prestes – vale lembrar que Washington Luís era do Partido Republicano Paulista (PRP), e portanto deveria apoiar um membro do partido mineiro.  Diante disso, as oligarquias de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul fundaram, em junho de 1929, a Aliança Liberal, que apresentou uma chapa encabeçada por Getúlio Vargas, que seria o candidato da oposição. A corrida eleitoral (a mais apertada da história do Brasil, até então), acabou por coroar com a vitória o candidato da situação, ou seja, o indicado por Washington Luís, Júlio Prestes.
            O lado perdedor provavelmente teria aceitado o revés, não fosse alguns fatos, entre os quais: primeiramente, a perseguição política orquestrada por Washington Luís àqueles que ocupavam cargos em seu governo e no entanto haviam lhe feito oposição; a pressão das classes médias urbanas, que projetaram na figura de Getúlio Vargas suas esperanças de reformas alimentadas pela impetuosa campanha aliancista; ainda, podemos citar as tentativas dos tenentista para reiniciar a luta armada; por fim, o assassinato de João Pessoa, candidato à vice-presidência na chapa de Vargas – embora o sua morte tenha sido ocasionada por disputas políticas internas no interior da Paraíba,  e também por motivos de ordem pessoal, sua repercussão junto à opinião pública foi enorme, atribuindo-se a culpa ao governo federal.
            Com tantas circunstâncias favoráveis, Getúlio Vargas valeu-se de todo seu prestígio político e, ao fim de uma marcha que se iniciou em Porto Alegre e terminou na cidade do Rio de Janeiro, à época capital brasileira, tomou o poder a 3 de dezembro de 1930. Terminava vitoriosa a Revolução de 1930. O domínio absoluto das oligarquias paulista e mineira era coisa do passado. Encerrava-se a República Velha.

1ª Era Vargas (1930-45) – pinceladas gerais

Governo Provisório (1930-34)

            Podemos caracterizar essa etapa da política varguista como uma período de concessões, não só políticas, mas também medidas que claramente visavam aquietar qualquer tipo de revolta popular. Nesse sentido, oficializou-se a Previdência Social, os sindicatos foram legalizados e concederam-se inúmeras vantagens trabalhistas: salário mínimo, jornada de trabalho de oito horas diárias, férias pagas, indenização por demissão sem justa causa, proteção ao trabalho de mulheres e crianças, etc. Por outro lado, os direitos trabalhistas foram concedidos apenas aos trabalhadores urbanos, deixando de lado a enorme massa rural.
            Todavia, todas essas concessões não evitaram que uma revolta eclodisse em São Paulo, em 1932. A Revolução Constitucionalista, como o nome já diz, buscou pressionar Vargas no intuito de se promulgasse uma constituição – lembrem-se que a Revolução de 1930 dissolveu a Constituição de 1891. Embora a revolta paulista tenha sido derrotada militarmente, a pressão surtiu efeito. Em 1934, proclamava a elaboração de uma nova constituição.

Governo Constitucional (1934-37)

            Entre suas principais cláusulas, a Constituição de 1934 estabeleceu o voto secreto, o voto feminino, legislação trabalhista, sistema federativo, mantendo a autonomia dos estados, e o mandato presidencial por quatro anos. Desde o início, este último tópico demonstrou-se um problema para o próprio Getúlio. Internamente, ele nunca escondeu seu desejo de se manter, de alguma forma, como líder da nação.
            Para tanto, Vargas necessitava de um motivo. Ele veio em 1935, num evento que ficou conhecido como Intentona Comunista, que consistiu em um levante militar, mal sucedido, diga-se de passagem, do grupo de esquerda liderado por Luís Carlos Prestes, a Aliança Nacional Libertadora (ANL). As condições para o golpe já estavam criadas – a opinião pública assustada, os militares de tendência democrática colocados em funções sem importância, os esquerdistas e liberais na cadeia.
            Faltava convencer a população da necessidade da manutenção de Vargas na presidência. No dia 30 de setembro de 1937, os jornais anunciaram que o Estado-Maior do Exército descobriram um plano comunista para a tomada do poder. Era o famoso Plano Cohen, na verdade, uma encomenda forjada pelo governo varguista para convencer a população de que Getúlio era o único capaz de afastar a falsa ameaça comunista. É dessa maneira que, em 1937, sob a justificativa de defender a liberdade brasileira contra os planos malignos dos comunistas internacionalistas, Getúlio Vargas dá um novo golpe, decretando o surgimento do Estado novo.

Pausa para relaxar

            A aula de hoje foi extensa, certo!? Então vamos parar para ouvir uma duas músicas: Ge Gê ou Seu Getúlio, gravada por Almirante e Bando de Tangarás em 1931, e Brasil Brasileiro gravada por Carlos Galhardo em 1942, respectivamente. Elas nos fará ter uma noção de influência de Getúlio Vargas no imaginário popular, e também elucidará como a música foi usada como instrumento político durante o Estado Novo, tópico que estudaremos nas próximas aulas.

Links para as músicas Ge Gê ou Seu Getúlio, gravada por Almirante e Bando de Tangarás em 1931, e Brasil Brasileiro gravada por Carlos Galhardo em 1942, respectivamente.


           


E.E. Idalina Macedo Costa Sodre Dona
Atividade da eletiva Brasil Musical – 9º, 8º e 7º anos (tarde)
Semana 4 – A música popular brasileira como ferramenta do Estado na 1ª Era Vargas.
Prof. Bruno Ian Lupi Jorge

Nesta segunda parte, após termos adentrado nos acontecimentos da 1ª Era Vargas, entenderemos brevemente a lógica do funcionamento do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda); feito isso, entraremos em contato com a produção musical da época, a fim de que os alunos observem como elas serviam o propósito de bendizer o Estado, e por conseguinte, a sua personificação: Getúlio Vargas.

Estado Novo (1937-45)

            O Estado Novo é a realização das pretensões ditatoriais de Vargas. Com apoio político e popular, ele pôde estruturar toda uma lógica de domínio velado que transcendia o poder institucional, e se enveredava pelos meandros da cultura popular brasileira. Nesse sentido, nada mais oportuno do que citarmos o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Este órgão criado durante o Estado Novo não só se ocupava de censurar qualquer publicação que representasse de ameaça ao regime, mas também era responsável por dar vida a uma intensa máquina de propaganda favorável ao governo. Diariamente, os brasileiros eram atingidos com um grande e diverso volume de conteúdos que visavam à glorificação da figura do Estado, personificada em Vargas. Vejamos um pequeno trecho da historiadora Mônica Pimenta Velloso, contido no estudo Os intelectuais e a política cultural do Estado Novo.

“Criado pelo decreto presidencial de dezembro de 1939, o DIP, sob a direção de Lourival Fontes, viria materializar toda a prática propagandista do governo. A entidade abarcava os seguintes setores: divulgação, radiofusão, teatro, cinema, turismo e imprensa. Estava incumbida coordenar, orientar e centralizar a propagando interna e externa; fazer censura a teatro, cinema, funções esportivas e recreativas; organizar manifestações cívicas, festas patrióticas, exposições, concertos e conferências e dirigir e organizar o programa de radiofusão oficial do governo.
(...)
            A centralização da informação é apresentada como uma forma de agilizar o processo de consulta popular, descartando-se o parlamento como uma instituição anacrônica e deficiente. O jornal A Manhã, porta-voz oficial do regime, efetua uma série de inquéritos populares sobre a política do governo, que são publicados sob o sugestivo título: “A rua com a palavra”.
            (...) O programa radiofônico ‘A Hora do Brasil’, a legislação trabalhista, a figura de Vargas são alguns dos assuntos abordados nessas enquetes.
            A doutrina do regime busca mostrar que os Estado só é capaz de assegurar a democracia, quando consulta diretamente o povo nas suas mais legítimas aspirações. Assim, entre o governo e o conjunto da sociedade não há mais necessidade de intermediários, quando o chefe sintetiza a ‘alma nacional’”

            O trecho deixa claro, novamente, a estreita relação que Vargas cria com o povo, a ponto deste ver naquele o retrato mais bem acabado do que seria uma “alma nacional”.
           
As músicas que cantaram Getúlio Vargas

            Exposto todo o panorama histórico, vamos às canções que celebravam a figura do grande líder que, na visão dos músicos e intérpretes, era o detentor dos valores mais valiosos brasilidade. Para isso, vamos ler um texto que contém boa parte da discografia da ilustre figura do presidente do Brasil entre 1930 e 1945. Ele traz em si os contextos em que as músicas foram compostas, e explica suas respectivas histórias.


OBS: o repertório exposto no texto grande, ficando inviável a anexação do link para cada música descrito nele; fica a cargo do aluno a pesquisa das músicas que mais lhe interessarem.

Atividade avaliativa

A atividade avaliativa consistirá na pesquisa biográfica de um dos cantores/compositores estudados nas aulas; além disso, uma canção terá que ser escolhida conforme o gosto do aluno, a fim de que eles possam adquirir uma certa indimidade com o tema das aulas. As atividades serão individuais e deverão ser entregues no email do professor (bruno_ian_lupi@hotmail.com), e posteriormente entregues, se possível, no retorno às aulas presenciais.


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